Nasci em Montes Claros, norte de Minas Gerais, sertão encantado sempre citado por Guimarães Rosa. Observador nato, nada passa pelos meus olhos sem que eu perceba algum detalhe, porém, com um olhar diferente.
Meu processo de criação começou no quintal da minha casa inventado o que brincar. Os palitos e grampos da minha mãe se transformavam em outros objetos, no lugar dos brinquedos, que não tínhamos. Isso me estimulava para a criação, de onde saíam teatrinhos de barro e miniaturas feitas de todos os objetos que eu encontrava.
Na escola, ganhava livros em troca dos mapas que desenhava para as professoras. Cartazes e capas de trabalhos de colegas de toda a sala exibiam minhas ilustrações quando meus cadernos já não tinham mais espaço para desenhos.
A feitura da arte se desenvolveu aos meus olhos quando passei a visitar o conservatório de música de Montes claros, aprendendo muito, especialmente com a professora Raquel de Paula, grande responsável por abrir meus olhos para a carreira e a experiência como artista.
Não posso deixar de citar como fontes de inspiração a literatura – de cujo apreço devo em parte ao professor Ricardo Batista Lopes – a música, minha experiência no teatro – no qual destaco minha passagem pelo bem sucedido musical Brincando de Brincar, montado pelo Grupo Fibra, da diretora Terezinha Lígia - além de importantes viagens pelo Brasil (graças à parentes espalhados pelos quatro cantos do país). Tudo isso é parte me influencia e me abre os horizontes na minha criação.
Somam-se a isso os meus constantes questionamentos, pesquisas e minha incansável procura pela novidade e pelo espaço no cenário artístico, tão importantes quando o momento de criação.
Em 1996, o artista curitibano Hélio Leites viu uma maquete minha para um cenário teatral e, entusiasmado, me incentivou na criação de objetos em miniaturas, mais precisamente em caixas de fósforo e materiais reciclados. A partir de então as miniaturas passaram a ser minhas especialidades e graças à elas, hoje sou reconhecido pelos colecionadores, marchands e donos de importantes galerias pelo Brasil.
Um dos temas centrais da minha obra, as festas populares mineiras, religiosas e profanas, catopés, caboclinhos, marujadas, reinado e congada, fazem parte de quase tudo que eu faço. Símbolos como o estandarte, peça importante em tais festas e os espirais, representando a lembrança barroca das cidades históricas de Minas, também são presença forte em minhas peças.
De rótulos referentes à minha obra, como “neo barroco”, “contemporâneo” e “erudito”, prefiro “popular”, mas isso não me interessa tanto. Arte é arte, livre de rótulos e classificações, o que me encanta é o entusiasmo e a emoção que as pessoas expressam frente ao meu trabalho.